17.2.11

.Energia.

Na primeira semana na casa nova um incidente supimpa me aconteceu. Foi quando despretensiosamente eu fui ligar a tv( não, eu não tinha internet naquele tempo). Apertei o botão, e depois de um pipoco estrondoso, a próxima coisa que vi (ou não vi, na verdade) foi a casa todo num completo breu. Isso mesmo. Parece aquelas coisas de desenho animado. Eu passei um tempão repetindo "mas eu só apertei o botão!" enquanto todo mundo entre reclamações ia descobrir o motivo do apagão. Encontrado o quadro de distribuição, a energia foi religada e tudo voltou ao normal. Bom, não a tv, essa se perdeu pra sempre.
Mas aquele não foi um episódio isolado, mais tarde a gente descobriu que sempre que haviam aparelhos demais ligados na eletricidade, ocorria uma sobrecarga na rede e o disjuntor disparava, evitando algum curto-circuito (que percebam, não foi muito eficiente com a televisão). Não vou nem contar quantas vezes a gente teve que ir religar o quadro de energia, que sempre caia à noite, quando já tava todo mundo se preparando pra dormir. O agravante é que o quadro ficava do lado de fora da casa, depois de uma porta, três cadeados e dois portões de ferro. Imagina a alegria de ter que ir lá, tarde da noite, no escuro. Ê maravilha!

Mas eu não tô contando essa história toda em vão. Apesar do incômodo, o sistema de energia da nossa antiga casa tem um princípio de funcionamento muito interessante. É um mecanismo parecido com o que faz alguém com hipoglicemia desmaiar depois de muito tempo sem comer. Na ausência de glicose ou oxigênio suficiente pra alimentar os neurônios, o cérebro desliga. A pessoa desmaia para evitar danos cerebrais ou alguma coisa assim. É um mecanismo de minimização dos estragos. É segurança, afinal.

A verdade é que eu também tenho o meu próprio mecanismo contra curto-circuito. Que eu sou uma pessoa defensiva isso não é novidade e tal. Mas a mais recente epifania foi perceber que sempre que eu me deparo com alguma coisa grande demais eu desligo. Eu me dei conta de que sempre que um problema me abala muito profundamente eu simplesmente não penso nele. É automático, minha mente começa a divagar e viajar pra que eu não me foque nele. Se você me vir falando preocupada com alguma coisa, está tudo bem, eu estou falando sobre, não é tão grave assim.

Então eu percebi de que isso não é apenas uma excentricidade minha, mas é algo bem comum de se encontrar. Fazemos isso o tempo todo. A gente pode criar os mais espetaculares objetos de aumento, microscópios e telescópios, mas passar a vida toda evitando aquilo que é muito grande. É demais pro meu processamento. É além da minha capacidade. Over capacity, twiteiros. Então a gente segue evitando, deixando pra depois, procrastinando. A gente pode passar a vida toda sem fazer as mais importantes perguntas. Sem se deter no que é essencial.

Falando sobre o essencial e sobre o grande, eu penso em Deus. Ele é sem dúvida a maior coisa da qual já ouvi falar. Maior do que o universo e suas tendências infinitas. Maior do que a minha mais infinita imaginação. Deus é grande, você já ouviu dizer, mas você é capaz de entender isso? As proporções de Deus já ocuparam seus pensamentos? Talvez você costume- como eu certamente muitas vezes o fiz-colocar essas questões no stand by, no campo do "eu penso sobre isso depois". O problema é que ao contrário dEle, a gente é bem pequeno. O nosso "depois" não é tão certo assim.
Mas, ao contrário do mecanismo que costumo usar de deixar de fora a energia pra não sobrecarregar, o processo com Ele é diferente. Deus não quer diminuir a intensidade da corrente pra caber em mim, ele está aumentando minha capacidade de captação e condução. O eterno e infinito Deus se fez pequeno pra que pudesse me fazer grande nEle. Ele se fez homem, mortal, pra me fazer eterna. Se Ele é grande demais, está me fazendo crescer pra que possamos caminhar juntos.
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"Todavia, como está escrito: "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam";mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus.Pois, quem dentre os homens conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus.Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente." 1Co 2:9-12


4 comentários:

Igor Chacon disse...

.talvez o pipoco seja para que seja expulso o que há dentro, mesmo tendo que passar por todos aqueles cadeados e portões, para entrar algo melhor..
.e o vazo transbordar..
=}

Anônimo disse...

Muito bom Fá! Me abençoou.
Dani

Anônimo disse...

Fá, vc eh uma benção.
Saudades.
Dieguinho

Mima disse...

O amor de Deus é tão grande que eu tenho dificuldades de entendê-lo. Fiquei triste... quero mais desse Deus.

Lindo e inteligente texto.