27.7.13

Antes do final

Uma das coisas mais certas da vida é que o fim vai chegar. Sabemos que ele virá. Como o enunciado de uma lei irrefutável : tudo que começa, acaba. Mesmo assim, diante dessa constatação racional e lógica, nós não estamos preparados para ele. O final chega e é como uma rasteira inesperada. Estamos ali, surpreendidos, apanhados, imobilizados. O final assusta. Assusta porque nos faz pensar sobre o começo e o meio, pesar se valeu a pena toda energia desprendida nesses, questionar se valeu a pena ao menos começar. Assusta porque não sabemos o que vem depois. Assusta porque nos lembra da brevidade. Assusta porque é o que é, numa determinação absoluta: o fim. Diante dele restam o vazio, a memória, a saudade. As projeções do que um dia foi, mas não é mais.


Pare um momento comigo e pense. Se ele é tão certo, porque o evitamos? Se é tão logicamente coerente, porque continuamos nos surpreendendo diante dele? Não seria nossa negação um desejo de que o fim seja extinto? Um anseio de que venha o para sempre? Assim como minha fome é evidência de que existe algo que a satisfaz, que nesse caso é o alimento,  meu desejo pela eternidade sinaliza algo para mim. E se eu o desejo, é porque tem alguma coisa que o satisfaça. Mesmo que eu não entenda, mesmo que eu não conheça.

Então os finais- ah, os finais!- eles se tornam uma descoberta impressionante: eles são novos começos.

Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.
Eclesiastes 3:11

Um comentário:

V. disse...

=) o anseio pela eternidade